(Opinião) Resultado da pesquisa eleitoral do Ibope sobre a intenção de votos em Ipu é alvo de críticas e questionamentos

Foto: www.correiobraziliense.com.br


O silêncio do amanhecer ipuense foi quebrado pelo som de fogos de artifício. Rapidamente circulou várias fotocópias de uma das páginas do jornal impresso do Diário do Nordeste onde continha o resultado da pesquisa realizada pelo Instituto Ibope em relação a intenção de votos do eleitorado ipuense. Logo surgiu inúmeros questionamentos e críticas por parte dos militantes da coligação opositora.

Dados técnicos da pesquisa realizada pelo Ibope em Ipu-CE

Período de campo: A pesquisa foi realizada nos dias 02 a 05 de setembro de 2016. Tamanho da amostra: foram entrevistados 301 votantes. Margem de erro: A margem de erro máxima estimada é de 6 (seis) pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrado para a amostra. Nível de confiança: o nível de confiança utilizado é de 95%. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. Solicitantes: Pesquisa contratada por SISTEMA LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO LTDA - ME. Registro Eleitoral: Registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o protocolo Nº CE-00954/2016.

Críticas e Questionamentos com base em fundamentação técnica

Uma pesquisa política para dar certo (exitosa) depende de três fatores: sorteio probabilístico não tendencioso, adequada técnica de amostragem e coerente, e correto tratamento das informações e dados com imparcialidade. 

Porém, não nos atentamos para as três variáveis essenciais que são inter-relacionadas: tamanho da amostra, margem de erro e nível de confiança, as quais, podem fazer uma significativa diferença nos resultados.

Segundo alguns estatísticos e matemáticos as pesquisas políticas eleitorais deve ter um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de ± 2,5%, isso quer dizer que, o candidato tem 95% de chances de estar dentro dessa margem de erro, em seus limites acima ou abaixo.

A pesquisa do Ibope em Ipu enquadrou-se no nível de confiança de 95%, porém apresentou uma margem de erro de 6 (seis) pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrado para a amostra, o que não atesta, em tese, precisão confiável em relação aos resultados obtidos, sob o ponto de vista estatístico.

Conforme o matemático Mário Ferreira Neto entre as práticas fraudulentas existe a seguinte: o Candidato “B”, sendo sabedor que tem maioria nos setores: X, Y e Z, que seus eleitores se concentram na classe “A” e entre as pessoas com mais de 50 anos, contrata a pesquisa para ser realizada ao seu gosto, retransmitindo para o eleitorado números que não correspondem à realidade. A Justiça Eleitoral do Ceará suspendeu a divulgação de algumas pesquisas eleitorais com base nestes fundamentos.

O citado autor ainda elenca a seguinte: existe a manipulação das pesquisas por meio da mudança dos percentuais dos candidatos dentro da margem de erro. Por exemplo, se a margem de erro da pesquisa for de ± 3%, o instituto retira 3% de certo candidato, colocando-o para outro; se um candidato tiver 42% na pesquisa com margem de erro de ± 3% e o candidato do contratante ou o candidato contratante tiver 34%, reduz-se o percentual do adversário para 39% e eleva-se o do contratante para 37%. Essa é uma técnica que se faz a pedido do contratante.

José Ferreira de Carvalho, professor aposentado da Unicamp e consultor da empresa Statistika, diz que que os levantamentos não são confiáveis. "Te digo como estatístico, a resposta é que não dá pra confiar. As margens de erro e as fórmulas que eles usam estão erradas."

Pergentino Mendes de Almeida orienta que a campanha eleitoral é um processo dinâmico e a função da pesquisa é documentar a dinâmica do processo por retratos sucessivos das mudanças até o desenlace nas urnas. De fato, a pesquisa eleitoral é útil nessa documentação, mas não na capacidade de acertar o resultado final. "Se se quiser antever o resultado futuro da campanha e não se estiver preparado para aceitar as limitações próprias do processo racional de pesquisa do real, recomendaria que se procure uma cartomante e não um instituto de pesquisas", recomenda o professor.



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Fontes consultadas:
http://www.redebrasilatual.com.br/
Artigo: ERROS E FALHAS DE PESQUISAS ELEITORAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NA DECISÃO DO VOTO DO ELEITOR
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Sobre Dr Rárisson Ramon

Rárisson Ramon, de Ipu - CE de nascimento e criação, é acadêmico de direito, faz participações em rádio e é blogueiro.
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